quinta-feira, 1 de setembro de 2011

outra vida


Imagino muitas vidas pra mim. As muitas vidas que não vivi e que, provavelmente, não vou viver. Que sou homem e viajo de porto em porto, em cada um uma história e um amor. Que sou enfermeira ou arquiteta. Que fiquei em Olinda, trabalhando naquele restaurante. Que nasci na África Subsaariana. Que tenho muitos filhos, no interior do país. Que tenho poucos filhos, num grande cidade. Que fiz balé na infância e danço até hoje. Que sou muito rica. Que sou muito importante. Como serei bem velha.

Uma vida que sempre me interessa é essa da foto. Talvez, se eu fosse homem e não tivesse meus pais, já tivesse aderido a ela por um tempo. Ou para sempre. Abraçar defitivamente a incerteza da vida. Viver a incerteza. Ser incerto. E um cão por companhia. 

Talvez por isso, quando um amigo perguntou o que eu seria se não fosse gente, respondi de pronto: cachorro. Não esses cachorros de madame, mas, um vira lata, que vive na rua. Eu nem seria um cão de mendigo: seria sem dono, à toa, sujo, magro, cheio de feridas. Olhando a vida, espantado.

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