quinta-feira, 30 de julho de 2009

Na cidade


Essa era a nossa estação de metrô, West Brompton. Aqui tem uma foto bem parecida, junto com um mapa.

O hotel ficava a meio caminho de duas estações, mas, essa era a mais usada e mais charmosa. Quatro quarteirões "paulistas" de caminhada, passando por uma escolinha infantil, pontos de ônibus, prédios de apartamentos, a barbearia do Louis, um açougue, vários pubs e lojinhas, um café que nunca tinha cheese cake, apesar de anunciar.

Eu gostava muito disso: de subir e descer a Lilly Road, vendo as pessoas, a mão inglesa, os carros. De ouvir música clássica na estação. Dos dias de sair antes das 09h e das noites de chegar depois das 23h.

Como responsável pelas rotas, descobri feliz que todas as informações que vi na net estavam corretas. Mais: que o London Tube aceitava o Visa Travel Money para comprar o Oyster, o bilhete mágico do metrô londrino. Melhor: que eles guardaram o guia que minha amiga esqueceu no balcão.

Mais do que os lugares pra turistas, é isso que me atrai nas viagens: ver como a vida cotidiana pode ser variada. E como, apesar disso, somos tão iguais.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Londres

Quase um ano que essa foto foi feita e vai dando saudades do lugar e faniquitos de viajar, viajar, viajar.

Olho o blog de Mr. G e ele fala de um texto seu que está disponível na BBC, a partir de um poema de William Blake.

O nome soa familiar, leio o poema, leio outro, mas, não consigo lembrar de onde vem a familiaridade. Até ver as imagens que o Google listou. Lá está o "Red Dragon", que aparece no filme (óbvio) "Dragão Vermelho". E está a imagem de Newton que inspirou essa estátua.

Feito! Lembrei de onde "conheço" Blake: pinturas, não textos.

E a foto é de um dos meus lugares mais felizes em Londres: a Biblioteca Britânica.

London
William Blake

I wander through each chartered street,
Near where the chartered Thames does flow,
And mark in every face I meet,
Marks of weakness, marks of woe.

In every cry of every man,
In every infant's cry of fear,
In every voice, in every ban,
The mind-forged manacles I hear:

How the chimney-sweeper's cry
Every blackening church appalls,
And the hapless soldier's sigh
Runs in blood down palace-walls.

But most, through midnight streets I hear
How the youthful harlot's curse
Blasts the new-born infant's tear,
And blights with plagues the marriage-hearse.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Por que Falsa Ana?

Às vezes o pessoal, especialmente quem me conhece pessoalmente, me pergunta "por que falsa-ana"? Bem, eu fiz uma explicação aqui, mas, dias atrás li uma crônica sob medida sobre o assunto. Esse é só um trechinho:

"O nome que escolhemos, ao contrário do nome que nos dão, revela a idéia que fazemos de nós mesmos e os projetos secretos que sempre tivemos para nossas vidas e o nome dado impedia."
Luis Fernando Veríssimo, que queria se chamar Oberon Frenegaz de Hoz e Malgavia.

Eu, ao contrário do Luís Fernando, escolhi um nome despretensioso, que ninguém confunda, simples (não composto). Ana. E só.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Um dia de fúria


E eu, Charlie Brown quase sempre, vivo dias de Charles Bronson com notícias do Sarney e os comentários maravilhosos do Presidente Lula.


Todo mundo já sabe do principal e das bobagens lulianas. Mas, não sei quantos já viram essa iniciativa pela net: Greve de Bigode.

Vou postar minha foto logo, logo.

Em tempo: vamos assistir a primeira temporada de "Roma". A gente realmente começa a ter ideias sobre o Senado quando pensa na História.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Enfim um crítico foge da unanimidade burra em torno do filme "Harry Potter e o Enigma do Príncipe". Aleluia!!!!

"Entre os seis filmes da série 'Harry Potter' até aqui, 'O enigma do Príncipe' é aquele que se sustenta mais sobre os elementos dramáticos e menos sobre os fantásticos. A escolha vem sendo saudada por boa parte da crítica estrangeira como um sinal de maturidade da franquia. [...] Como se a fantasia fosse uma doença juvenil a ser superada pelo respeitável drama.

O filme troca algo em que a série é única - seu universo fantástico - por algo em que é absolutamente banal."

Esse é meu trecho favorito do comentário de Ricardo Calil, publicado no jornal "A Cidade" do fim de semana. Tem um outro texto dele sobre o filme aqui. Vale ler também os comentários, especialmente do Adriano Alves, que destaca um ponto importante na adaptação: as mudanças desnecessárias que comprometem a história.

terça-feira, 21 de julho de 2009

É sábado de manhã, estamos tomando café e meu amigo pergunta: "já leu alguma coisa de Rilke?".

Digo que apenas "A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke", traduzida por Cecília Meireles.

Então hoje ele manda um e-mail - coisa rara - com uma carta de Rilke a Margot Sizzo, em 06 de janeiro de 1923:

"Não devemos temer que nossa força não baste para suportarmos uma experiência de morte, nem mesmo a mais próxima e mais terrível; a morte não está acima de nossa força [...]."

terça-feira, 7 de julho de 2009

07 de julho


Era 1956 e essa mocinha tinha 15 anos. A vida saiu bem diferente do que ela sonhava.

Hoje, quando ela completa 68 anos, o tempo aumentou o peso, trouxe as rugas, clareou os cabelos. Levou pessoas. Dois filhos.

Mas quando dei os parabéns antes que ela fosse para a caminhada, o sorriso se expandiu. Ainda e apesar de.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A coisa mais legal...

... e a foto mais engraçada, tirada em 05 de julho de 2008, depois das 21h, em frente ao Restaurante Banana da Terra, em Paraty. Muita gente pode ter fotos de Mr. Gaiman, mas, nesse ângulo, acho difícil.

Na hora em que aconteceu não foi nada engraçado: eu tinha uma câmera não digital, dei a sorte de encontrar Gaiman sozinho e a máquina falhou.

Esse é o tipo de coisa que me faz gostar tanto desse inglês: ele não tinha almoçado, passou a tarde toda dando autógrafos, foi direto para a fala do Tom Stoppard, Maddy já estava dentro do restaurante. Fiquei parada, um pouco distante, vendo-o conversar com um casal, detestando paracer invasiva. Sem que eu fizesse qualquer movimento (ok, meus olhos deviam estar implorando), ele se virou para mim sorrindo.

Pedi uma última foto e me preparava para bater quando ele abriu os braços e disse "come on!", olhando em volta para pedir a alguém que nos fotografasse. Infelizmente, o cara disparou a câmera enquanto nos preparávamos para o abraço da foto. Depois disso, a máquina travou. Meu momento perfeito, de rosto coladinho no de Gaiman, ficou só na minha memória. E registrado em uma matéria que descobri meses depois, na net.

Acho que pra superar o posto de "coisa mais legal que já fiz", tenho que cantar "Sunday Bloody Sunday" no palco, junto com o U2.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dorine e André


"Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca."

De André Gorz para sua esposa Dorine em "Carta a D. - história de um amor", um livro pequeno, comovente e bonito.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Soldado Ryan

Assisti "O resgate do Soldado Ryan" no fim-de-semana, na esteira do "Band of Brothers". E não gostei.

Não costumo "seguir o script" de nada, então, ao contrário da maioria, só gostei do início do filme, das cenas do desembarque na Normandia. Aquelas mesmas, de sangue, suor e lágrimas.

Depois, quando começou propriamente o resgate do Ryan, meus neurônios ficavam insistindo em pensar que aquela história era muito inverossímel. As tropas aliadas na Europa tinham mecanismos de comunicação com seus comandos nos EUA. Por que, meu Deus, por que mandar um grupo de soldados pra fazer esse serviço? Para existir o filme, é a resposta.

Não consegui aceitar esse argumento porque não achei que a história contada valeu a pena. Que argumento piegas é esse de "faça ter valido a pena"? Como é que o Ryan conseguiu viver com isso? Se ajoelhando no cemitério, 50 anos depois, e tentando corresponder ao sacrifício daqueles homens???? Individualmente não consigo aceitar. Não aceito sacrifícios pela minha vida: o preço é alto demais.

E depois fiquei pensando que a guerra não avalia qual vida vale a pena e qual não vale. Nenhum dos lados faz esse juízo. O inimigo não é considerado de maneira individual, mas, na qualidade de representante de ideias que se pretende vencer.

Pra mim, num sentido religioso, filosófico e jurídico, toda vida vale a pena. Toda inclui até a vida do meu inimigo, daquele que me feriu. Não importa o destino ou as escolhas que o indivíduo faça. Toda vida, porque existe, tem o direito de cumprir-se. Se não for assim, se a regra comportar exceções, então qualquer vida pode ser questionada.

Essa é a beleza que vejo nos Direitos Humanos: ou são pra todos ou não protegem a ninguém.