sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A árvore da vida


Avenida Francisco Junqueira, ontem.
A graça? Ou a natureza? 
Fui ver esse filme há alguns dias e, como já disse aqui, não gostei.
Mas, ontem, recebi uma notícia triste que me fez lembrar dele: o filho de um colega de faculdade está na UTI. Leucemia, nada mais a fazer. 05 anos de idade.

Pra quem não viu, o mote de "A árvore da vida" é a morte do segundo filho do casal, aos 19 anos, no Vietnã. O diretor opõe, na primeira frase do filme, "graça" e "natureza". A primeira, a redenção. A segunda, a destruição.

Talvez esteja sendo injusta ao avaliar o filme porque discordei desse argumento imediatamente. Concordo com  texto de Marcelo Gleiser: "Não precisamos escolher entre a graça e a natureza. Existe uma terceira via, em que encontramos graça na natureza, não apenas através de sua beleza e cada folha e raio de luz, mas por meio da nossa profunda conexão com ela".


Somos natureza, também. Não apenas graça. Somos graça, também. Não apenas natureza. Somos graça e natureza, todo indissolúvel.

Nesse sentido, gosto mais da personagem do "Pai" - que preservou, ainda que sufocada, a graça representada pela música - do que da "Mãe", que me pareceu completamente alheia à natureza, ingênua quanto à sua força (inclusive terrível).

Reconheço nela (a "Mãe") a pessoa que fui há alguns anos: de felicidade inocente, como diria Clarice Lispector. Então, como na história de Jó (outra referência do filme), vieram as perdas: entes queridos, ilusões, bens, relações...
 
Dez anos depois, entendo que essa é a Vida toda: maravilhosa e terrível. E prefiro assim do que  nunca enxergar a graça, ou a natureza. Viver uma vida morna, mediana, medíocre.
 
Eu prefiro a vida inteira. Por isso não gostei desse filme.

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