segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Fúria organizadora

A arrumação de final de ano começou mais cedo!

Há semanas fico olhando meus livros e prometendo uma limpeza. Queria me desfazer de alguns, ver se as formigas gigantes não tinham feito novo ninho no meu "guarda livros", tentar acomodar algumas novas aquisições...

Toca tirar tudo do móvel, buscar os que estavam no quarto pra ver se acho nova acomodação, separar os que serão doados...

Claro que, lá pelas tantas, morri de cansaço. Mas, como estavam todos pelo chão da sala, tinha que dar jeito.

Na foto aparecem alguns favoritos: "Violent Cases" é o topo da pilha de "Sandman". Todas as minhas versões dos sermões de Antônio Vieira (ainda não consegui me desfazer de nenhum!). Em pilhas também: todos os Poe, Garcia Márquez, Saint-Éxupéry, Dickens ("Um conto de duas cidades": gosto tanto!), Tolkien, parte da coleção "Museus" da Folha.

De novo prometi a mim mesma não comprar nada até ter lido uns inéditos que estão por aí. De novo não devo cumprir: já estou cá pensando que preciso completar minha coleção de sermões do Padre Vieira e  do Calvin (o garoto que tem um tigre de pelúcia)...

"Livros, livros. Centenas de livros. Milhares de livros!".
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Depois de ver "Melancolia", pude ler algumas críticas e essa diz exatamente o que penso sobre os dois concorrentes de Cannes:

"A prolixidade de Malick e a psicanálise de Lars Von Trier

O filme de Malick trafega por fortíssimas linhas filosóficas e experimentais ao traçar o cotidiano (um tanto poético) de uma família texana na década de 50. O cineasta, que é conhecido pelo excesso de preciosismo em suas raras obras, nos últimos 30 anos, faz um filme de contemplação sob as leis discursivas do filósofo Heidegger, buscando traçar justificativas existenciais do homem em meio a imensidão da natureza. Não à toa, exibe imagens do sistema solar e até de dinossauros. Não levanta questionamentos para tal (e nem creio ser essa uma obrigação!), mas também ao permear sobre o “tema” acaba se traindo no excesso de prolixidade. Isso é tão claro que o miolo do filme, que compreende as relações humanas da tal família com a reverberação dos instintos infantis, é de uma grandeza (e pura cinefilia) invejável. O que contrasta com o prólogo e o epílogo que soam pretensiosos e disléxicos demais na generalidade do que se propõe.

Melancolia, por outro lado, é uma interessantíssima metáfora psicanalítica também sobre o existencialismo do homem no universo, mas de uma maneira mais sagaz. Dividido em duas partes, o filme acompanha o casamento de Justine (Kirsten Dunst, genial), quando a mesma é tomada pela urgência da depressão, tendo de “enfrentar” os presentes, dentro de suas representações sociais. Ali ele acampa sua conhecida criticidade humana, capitalista e, por que não? misantrópica, mas numa “embalagem” tão envolvente, que nos perguntamos se a depressão de Justine é um personagem ou um elemento daquilo que Trier que evocar.

Na segunda parte do filme, vemos o ápice da expressão que o título do filme procura representar. O confronto psíquico entre Justine e a irmã Claire (Charlotte Gainsbourg) dá margem para muitas interpretações e, principalmente para ligarmos o processo depressivo do próprio cineasta com a história que quer contar. A teoria do caos anunciado que toma conta de todo esse ato rende momentos de pura poesia, o que não deixa de ser um paradoxo, indo até o clímax final, que diz muito sobre quem ou o que é a polêmica persona de Lars Von Trier.
 
Daí, diferentemente do que o júri de Cannes atestou (sendo influenciado pelo circo de Trier ou não), eu fico com Melancolia. Muito pela forma complexa mas nada prolixa de expressar um estado de espírito, e nos deixar cabreiros por isso…"

O texto todo está aqui: http://www.ambrosia.com.br/2011/09/07/prolixidade-de-malick-psicanalise-de-lars-von-trier/

E aqui - http://projetonassal.wordpress.com/2011/08/21/luiz-felipe-ponde-e-contardo-calligaris-sobre-a-arvore-da-vida-e-melancholia/ - tem o que Luiz Felipe Pondé e Contardo Calligaris escreveram sobre “A Árvore da Vida” e “Melancolia”.

PRONTO! Prometo que tento não falar mais desses filmes!

Um comentário:

cidissima disse...

Espiritualidade prática!

Esta frase é tão real e tão significante que dá certa animosidade.
Usemos nossas mãos, pois elas se entrelaçam para um aperto cordial, se unem para uma prece matinal, tecem o algodão para fazer o avental.
Assim são as mãos, uma conduta diária como uma obrigação.

É muito comum o homem dizer: à partir de hoje farei faxinas com regularidade.
Mas por que esperar determinado dia para tomar uma decisão? As mudanças sempre estão conosco em qualquer situação e não precisamos agendá-las, simplesmente, colocá-las em prática.
Enquanto lá fora, por detrás das cortinas, as cenas são sempre as mesmas, o sol não dependendo de nós para se pôr, os compromissos não podendo ser adiados, a hora do parto acontecendo, o padre evangelizando, alguém casando, o professor educando, o médico curando, o ateu se convertendo, o sábio refletindo, o ancião envelhecendo, as crianças crescendo, o amor acontecendo!
Não esperemos que alguém bata palmas no nosso portão e pergunte: você está precisando de uma faxina?

Cida