quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Duas histórias

Christopher Nolan, o outro.

Esse menino nasceu na Irlanda e, por falta de oxigênio no parto, não podia mover nenhum músculo, exceto os olhos. A princípio, isso também teria comprometido suas funções cognitivas.

Sua família nunca acreditou nessa história. Diziam ver nos olhos do Christopher que ele podia entender tudo ao seu redor. Seu pai lia para ele. A mãe tinha longas conversas e mostrava as letras do alfabeto. A irmã, cantava.

Quando ele tinha 11 anos, teve acesso a um novo medicamento que lhe permitiu um pequeno movimento com o pescoço. E Christopher escreveu um poema "I learned to bow" (to bow significa "se curvar", como no cumprimento que os japoneses fazem), em que agradeceu à Deus pelo milagre da ciência e da medicina.

Depois disso, escreveu outros poemas, livros, peças. Morreu em 2009, aos 43 anos.

Fico pensando nesse menino, preso durante 10 anos dentro de seu corpo. Vendo, ouvindo, entendendo e sentindo tudo sem poder expressar nada. Como Jean Dominique Bauby, cuja história está em "O escafandro e a borboleta". A diferença é que todos sabiam que Jean havia conservado o entendimento.

Como cheguei nessa história? Christopher estudou na "Mount Temple School" e o U2 fez uma música sobre ele: "Miracle Drug", que, antes mesmo de conhecer essa história, tenho ouvido obsessivamente.

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Aniversário de meu pai, 74 anos. Olho pra ele e me comovo tanto...

2 comentários:

cidissima disse...

Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara.
Feito o arado que rasga
a terra,
a passagem
do tempo
deixa sulcos
na alma e
no rosto.

Curva-te ante teu pai e regozija-te. Beije suas faces como demonstração de agrado e agradecimento. Sinalize-o como personagem principal da história da tua vida. Fotografe este momento. É único. Singular!
Cida

Osvando Faria disse...

Espero que seu pai compreenda e saiba o significado dessa sua comoção. É por demais gratificante perceber um olhar enternecido de uma filha.
Beijo