segunda-feira, 22 de junho de 2009

Jane e seus romances

Uma das coisinhas que fiz nesse findis prolongado foi ler "Abadia de Northanger", que faltava na minha bibliografia básica.

Esse foi o primeiro livro de Jane Austen, escrito em 1797. Apesar de aceito para publicação em 1803, acabou só vindo a público em 1818, após a morte da autora. Não é o melhor de Austen, na minha opinião, mas, já dá pra identificar vários elementos que apareceriam mais tarde.

Como estava à toa, relacionei as semelhanças nas obras da inglesa: Abadia de Northanger, Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito, Emma, Mansfield Park e Persuasão. Jane Austen desenvolve tramas paralelas, mas, em cada obra considerei um casal principal.

Mocinha em situação econômica desfavorável: Catherine Morland (Abadia de Northanger), Eleanor Dashwood (Razão e Sensibilidade), Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito), Fanny Price (Mansfield Park).

Herói em situação econômica superior à da mocinha: Henry Tillney (Abadia de Northanger), Edward Ferrars (Razão e Sensibilidade), Mr. Darcy (Orgulho e Preconceito), Edmund Bertram (Mansfield Park).

Em alguns casos, o herói é um segundo filho e depende de terceiros para alcançar a renda suficiente para o casal, porém, ele é sempre, por família, mais rico que a mocinha. Knightley, de "Emma", é tão rico quanto ela. Frederick Wentworth (Persuasão) foge a essa regra e esse é, exatamente, o mote do livro: a superação das condições desfavoráveis que impediam seu casamento com Anne Elliot.

Pais amorosos, porém, displicentes em relação à educação das filhas: essa característica não aparece apenas em "Emma".

Cavalheiro de moral duvidosa: Frederick Tillney (Abadia de Northanger), Willoughby (Razão e Sensibilidade), Wickham (Orgulho e Preconceito), Henry Crawford (Mansfield Park).

Dama de conduta inadequada: Isabella Thorpe (Abadia de Northanger), Lucy Steele (Razão e Sensibilidade), Lydia Bennet (Orgulho e Preconceito), Maria Bertram (Mansfield Park).

Personagem mais velho que se opõe ao amor do casal: General Tillney (Abadia de Northanger), Sra. Ferrars (Razão e Sensibilidade), Lady Catherine de Bourgh (Orgulho e Preconceito), Lady Russell (Persuasão).

Colocadas dessa forma, as obras de Jane Austen parecem todas muito iguais. A essa idéia básica, porém, a autora agrega tramas paralelas. Além disso, reflete a sociedade inglesa da época com fidelidade e ironia: a sujeição da mulher, as injustiças provocadas pelo direito de herança, a superficialidade da vida social, a fragilidade dos laços familiares...

Jane Austen é considerada por alguns a segunda mais importante figura literária inglesa, perdendo apenas para Shakespeare. Não concordo. Pra mim, apesar de seus romances progressivamente se tornarem mais complexos, faltou tempo para Austen construir uma obra que supere Charles Dickens, por exemplo.
Mas, isso é questão de gosto, talvez.

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