segunda-feira, 6 de abril de 2009

Mudar ou Morrer

Último arco de Sandman, "Despertar", onde se assiste ao funeral de Morpheus.

Sempre me perguntei qual seria minha escolha se estivesse no lugar de Galileu: negar o que descobri ou continuar vivendo. Por muito tempo, pensava que seria melhor morrer.


Nos últimos anos minha percepção mudou: a Terra não deixou de se mover porque Galileu salvou a própria vida e o tempo se encarregou de mostrar quem estava certo.

Mas, quanto é possível mudar sem morrer?

Isso me lembra essa história aí do outro lado: " O Mercador de Veneza", com Al Pacino no papel de Shylock.

As primeiras críticas ao filme davam conta dos protestos da comunidade judaica sobre o tratamento dado a Shylock. Bem, a história é como é, desde que Shakespeare - um cristão - a escreveu. Na minha opinião, nada a fazer a respeito. E eu, quando vi essa versão, fiquei comovidíssima com Shylock.

Para quem não sabe, perdendo a batalha jurídica contra Bassanio e Antônio, Shylock deve escolher entre a vida e sua fé, o judaismo. Ele escolhe batizar-se e continuar vivendo.

A cena final de Shylock, à porta da Sinagoga, excluído voluntariamente daquilo em que acredita é, pra mim, das mais tristes do filme. Porque, nesse caso, me parece que não há vida possível. Não quando negamos aquilo que somos.

Ser judeu era parte daquilo que definia Shylock. Morpheus é sua crença sobre responsabilidades. Pessoalmente? Estou com Mr. Sandman: eu morreria.

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